Um timer mais eficiente

À escrivaninha. 22°C lá fora. Céu nublado e cinzento de inverno. Uma vento frio entra pela fresta da janela entreaberta. Quero sol. Faz mais de dois meses desde o último post. Julho e agosto passaram em um piscar de olhos. Passei parte dos dias às voltas com a edição do novo romance que comecei a escrever há cerca de um ano. O resto do tempo, estive colocando em dia as leituras das obras que serão nos próximos clubes do livro.


A produção desse segundo livro vem se transformando em um projeto maior do que o planejado originalmente. Estou empolgada com o rumo que minha vida tomou desde que decidi escrever romances. Há algo sobre aprofundar e enriquecer o enredo que é muito satisfatório: construir uma história a partir de minha cabeça para compartilhar com os outras pessoas. Tão gratificante é este é o meu trabalho!

Não me atrevo a dizer que minha vida mudou, mas tenho mais percepção do que me mantém ativa e isso é muito valioso após os sessenta. Tenho tentado rotinas diferentes, obrigando-me a sair de casa, mas confesso que amo estar em meu lugar de refúgio. Tenho participado de eventos literários presenciais eventualmente e me encontrado com pessoas amigas e queridas em deliciosas tardes regadas a café e boa conversa. Embora esses momentos sejam especiais, respiro aliviada quando volto à escrivaninha, embaixo de minha janela. 

Meus romances são pequenos sonhos realizando-se e eu me sinto muito agraciada por tê-los na minha vida. Compartilharei mais sobre o atual, conforme a produção for se desenrolando.  As histórias que conto são sobre mulheres e envelhecimento. Sinto-me contente por fazer parte deste grupo que celebra a sabedoria, a vivacidade e a criatividade à medida que os anos avançam. 

Um timer interno funciona melhor que um alarme de celular.

Tenho tentado algumas das recomendações, dicas e truques de minha mentora de escrita, como o cuidado corporal ao escrever. Trabalhar com outras escritoras em sessões no Zoom para editar meu manuscrito tem sido muito útil até o momento em que me desvio do caminho que a professora nos orientou a fazer para preservar a saúde física e mental após muito tempo sentada à escrivaninha. A sensação é semelhante à leitura deste período longo que acabei de escrever. Cansativa e menos útil. 

Eu tentei o método Pomodoro, mas não tem funcionado tão bem para mim porque, depois de um tempo, passei a ignorá-lo e continuar sentada escrevendo quando o sinal de pausa tocava. O que funciona, de fato, é colocar algo para cozinhar com o timer do fogão acionado. Então eu tenho uma janela de 15 a 30 minutos para fazer algo — editar ou reescrever cenas, postar no blog, enviar uma newsletter, fazer o roteiro do clube do livro — e eu sei que, quando o alarme dispara, tenho que levantar, verificar a comida no fogo, senão ela vai queimar. Então eu acredito que esse processo é mais efetivo pois tem o fator urgência que me obriga a levantar a bunda da cadeira e alongar o corpo e relaxar a mente de tempos em tempos. É como um time interno avisando-me que é hora de recarregar.

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